terça-feira, 21 de setembro de 2010

O sonho perfeito II



Você se materializa no meu sonho
E me permite ver-te, conversar
Acreditar que a busca acabou

Momento eterno de felicidade
Instante
Eterno
Não mais momento
Mas eternidade de felicidade

O que seria esse momento?
Imagem congelada, talvez
Perfeito, contudo

O dinâmico perde o sentido
Porque o dinâmico é fugaz
É já não o é mais!
Passageiro,
Como a folha, o vento, o sol
Como você que passa!

Sonho perfeito!
Você fica!
Me entorpece
Me alimenta o estado
Registro eterno, intocado
Momento eternamente registrado

sábado, 18 de setembro de 2010

Salmo 23
















O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará.
Deitar-me faz em verdes pastos,
guia-me mansamente a águas tranqüilas.
Refrigera a minha alma;
Guia-me pelas veredas da justiça,
por amor do seu nome.
Ainda que eu andasse
pelo vale da sombra da morte,
não temeria mal algum,
porque tu estás comigo;
a tua vara e o teu cajado me consolam.
Preparas uma mesa perante mim
na presença dos meus inimigos,
unges a minha cabeça com óleo,
o meu cálice transborda.
Certamente que a bondade
e a misericórdia me seguirão
todos os dias da minha vida;
e habitarei na casa do SENHOR
por longos dias.
Salmo de Davi

Eu já estive no vale




















Eu já estive no vale
E foi lá que ouvi
Murmúrios, gemidos, lamentos
Senti o uivo do vento
A tinir o ouvido ali dentro

Eu sei o que é o vale escuro
E as suas paredes sombrias
Despenhadeiros, penhascos, e a ânsia
De quem de baixo, não consegue alegria

A espera de uma mão que o arranque
Do desgaste, o alívio, um estanque
Dessa dor, da cruel agonia
De passar uma noite vazia

Sem esperança ao olhar para cima
E divisar apenas céu cinzento
Mas ainda assim acreditar num alento
Por saber que a espera acabaria

Então vê despontar o dia
O clarão, salvação, mão que guia
O Eterno, a resposta que chega
Sem demora, o resgate alivia

E, enfim, de ser livre do vale
Na campina a andar livremente
E rever o renovo, sua gente
Vê que a fé não é algo latente
Mas quem espera naquele que não mente
Chega o dia de ter novamente
Renovada a esperança de um crente.

domingo, 29 de agosto de 2010

Cadê você...

























Eu ainda a procuro
Não desisti
De te achar
Te conquistar
De estar ali

Sei que não se fica só
Não combino com a solidão
Você no meu sonho
Beleza ímpar
Minha cura dessa ilusão

Não a tenho porque não sabes
Sei que ainda esperas,
Irei descobrir-te
Estavas tão perto
E não te via
Só porque o tempo não permitia

Te vejo a refletir
Fina como essa lâmina d'água
Trêmula a sentir a brisa que lhe aviva o rosto
Espelho que te revela etérea, platônica
Perfeita como o meu gosto

Hoje foges
Como tudo que hoje me foge
Mas, se como tudo, desvaneces
Não é porque já é tarde
É que o caos é construto
De uma nova realidade
Reveladora que é
De uma faceta da eternidade

Nesse invólucro onírico
Eu insisto em me fechar
Porque aqui, hermético
Nesse pequeno mundo
Conhecendo o seu fundo
Sei que vou te achar
E continuando contigo
Curando o que está ferido
Voltarei a amar

Que sou?
















Que sou?
Ou quem sou?
Onde estarei
O que ganharei,
Para onde eu irei?

Já andei, caminhei
Não sei aonde cheguei
É tão longe essa estrada
Me desgasta a caminhada
Estou trôpego,
Corroída a alma

Humanidade
Não dá mais tempo
De ir atrás, é tão tarde!
De ir em busca da verdade

Qual é a próxima ação
Pra quem está de mudança?
Se suas coisas passam
E você fica perdido
Enquanto procura uma razão
Tudo perde o sentido

Sou apenas um subvertido
A espera de uma mão
Com tantos rostos conhecidos
Eu passo despercebido
Como um na multidão

Os ponteiros já caminham
Atirada está a lança
E abaixo do seu arco
É iniciada a dança
Tão veloz e tão certeira
Sua trajetória inexorável
Sua chegada verdadeira

Não lancei aquela seta
Não marquei o seu caminho
Mas não estou a salvo
No seu alcance, sou alvo
Sei que não estou sozinho

Pudesse eu pará-la
Ou descobrir o seu frecheiro
Persuadir-lhe a mão, o arco
Atrasar-lhe o tiro derradeiro

Pudesse eu parar o tempo
Pois com a frecha atirada
Controlaria sua rotina
Saberia sua caminhada

Então determinaria
O que viesse à frente
Reconstruiria objetivos
Avisaria minha gente

E, em atitude derradeira
Escolheria o caminho
Se há uma flecha certeira
Então modelaria o futuro
Apressaria minha carreira

sábado, 28 de agosto de 2010

Olhares...



Fuga
Diversos mundos
Mundos, olhares,
Um mundo dentro de um olhar
Em cada olhar um novo mundo
Mundo particular, único
Um viajante
um acesso
uma necessidade

Meu mundo
Acessível a todos
Só eu tenho a chave
Todos entram
Mas só encontram seu próprio mundo
Seu mundo, seu olhar, sua necessidade

Um mesmo mundo
Sob diversas óticas
Um só portal, diversas chaves
Minha chave

Abre a porta do meu universo
Meu, singular, necessário
Fuga
Adentro esse mundo
Saindo de outro
Moldo, me satisfaço
Um escape, um esconderijo
Mundos que se intercalam, se completam
Mundos interdependentes, inseparáveis


Caminho entre os mundos
Fujo de um
Escapo em outro
Sou eterno fugitivo
Saltando entre visões
Para cada visão uma porta

Correndo entre portas
Todas num mesmo mundo
O mundo-dilema
E por mais que eu fuja
Permaneço cercado

Por: Josué Santos

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Nunca deixa de amar...




Se o dia se chama hoje, vá
Se agir depende disso, vá
Nunca pares um instante
Não te prendas sendo estanque
Se o agora te ordena, vá!

Sei  que o amor não tem limite
Quando quer te acolherá
Mas se queres ter de tudo
Queres a impressão do mundo?
Se o tempo já te chama
Se levante e vá!

Eu também espero tanto
Pra quebrar o meu encanto
Desse mundo que é pranto
Mas eu tenho um novo mundo, já!

As janelas que se abrem
Abrem por um instante cá
É uma fresta para a fuga
Não balances nem se iluda
O oportuno se desponta
Então vá!

Não se veja um leviano
Que o ímpeto empurrará
Mas um atento cortesano
Que esperou abrir por anos
Surge então defenestrando
Uma luz vislumbra cá!

Oh amante, oh minh'alma!
Sei que um dia chegarei
Quando a mim te revelares
Então atravessarei
E verei como um todo
Não será mais o enigma
Mas sinônimo de vida
Inefável por ser viva
Só que findou minha lida
Regozijo realiza, vou lá!

Atravesso essa janela
Não sei se ficou pra trás
Por que se ficou não vejo
Não o quero nunca mais!
Mas agora uma terra!
Infinito a explorar
Um "sem conta" de mistérios
Mistérios? Não há tal palavra cá!

Mas por hora nesta casca
Triste tenho que acordar
Mas por quê?! Meu sonho é belo!
É que é hora de estar
Mas já que é só vislumbre
Eis-me aqui, eis-me lá!

Tudo é questão de tempo
Na abertura, no momento
Eu não vou desperdiçar
Mas sei que será meu tempo
Minha hora chegará
Então partirei solene
Exaltado vou passar
Estarei realizado
Adeus mundo! Vou-me cá!

domingo, 13 de junho de 2010

Andante...




Eu ando, caminho pelo mundo
Meu Deus, que mundo!
Tudo perdido, tudo diferente!
Nada mais tem sentido
Nada mais é perene


Eu ando pelo mundo
Que mundo!
Que rede!
Rede social
Indissociável
Eu procuro um mundo


Que mundo...
Qual mundo seria esse
Eu ando, vagueio
Mas continuo consternado
De que adianta vagar pelo mundo
Se caminhar é estar parado?

Eu corro, atropelo,
Passo na frente
Dessa gente
Desse mundão de gente
Que passa
E, de repente

Para onde vão tantos?
O que esperam de poucos?
Em quem depositam esperança,
Com quem fazem aliança?
Essa gente, esse povo,
Essas andanças

Quero continuar
Não sei pra onde estão indo
E vindo
Mas vejo que não param
São passos frenéticos
Que contrastam
Com desejos poéticos

Aqueles que querem
alguma coisa, um intento
Que procuram alento
Não correm senão
Atrás do vento
Seus sonhos servem
Para alimentar o seu tormento

Aqui dentro eu sinto
Que estou caminhando
E dentro de mim
A angústia
Por saber que não paro
Mesmo não vendo o fim
Tenho certeza de algo
Que não vejo
Mas que está dentro de mim!

continua...

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Amo você!



Te descobri
Os seus olhos que brilharam
Quando te vi
Percebi você
Igual a quem eu quis
O amor multiplicado
O fruto agora realizado
Você é uma parte de mim

Sentir você e te amar
Ver você crescer
E saber
Que o fruto do nosso amor
Amadurece, cresce
E responsável, me faz assim

Ter vocês é ter tudo
Que eu sempre quis
É ter quase tudo e saber
Que nada é seu

É saber que ter alguém
É tão doído como não ter ninguém
Mas na verdade só se tem esse sentimento
Quando se tem

Uma vez que fiz surgir
Alguém na minha vida
Como você
Amo vocês

Mulheres da minha vida
Meu retorno
Minha esperança
Não são minhas
Apenas eu sou responsável
Por um momento
Em ter vocês
Amo vocês

sábado, 19 de dezembro de 2009

Espelho do mundo - Sinestesia
























Eu penso o mundo
Sinto seu ritmo, vejo-o e leio
Interpreto os seus sulcos
E navego em seus veios

Aqui de dentro vejo lá fora
Aí dentro te vejo de fora
Vejo fundo, introspecto
Vejo meu eu no espelho agora


Vejo-me, mas não me livro
Nesse livro agora aberto
Interajo e analiso
Mas não me liberto


Quero dessecar-te
Usar o tempo, compreender-te
Afastar-me para entender-te

Criar mundos, miscelânea
Orgia de gostos, cores, odores
Sopa de pensamentos
Caldeirão de momentos   

Vejo vozes, bebo luzes   
Ouço cores, provo tudo   
Sinto amores, percebo a fundo 
Esse espelho que reflete o mundo

Sensações tão embaralhadas 
Tão vivas destacadas   
Lidar com cada uma e com todas   
E a palito separá-las

Pescá-las a anzol   
Escolher qual vou usar   
E com uma pitada de grito   
Tentar provar

Esse colosso de sabores 
Essa vertigem de gostos 
Mal provo parte de um   
E nele já identifico outros

O amargo na boca   
E o doce volta às papilas   
O insosso e o adstringente   
Trava e estala nos dentes

Degustar o mundo   
Petiscar a esperança   
Gostos tão fortes   
Como sangue na garganta

Olores suaves   
Pétalas macias   
Lembranças inaladas   
Como uma lufada de ar que arrepia

Oxigênio que inspira e contrasta 
Com o gosto do veneno que arrasta   
O ocre que entorpece, o verde que realça   
Amarelopálido, rosa - bebê que desgasta

Sensações, realidade de percepções, tormentos   
Construto de emoções, momentos   
Dejávu de alucinações  Sentimentos

Deliciosa vertigem   
E o corpo a flutuar no espaço  
Quiçá fora mais que um corpo   
Por membros, pernas, pés e braços   
As asas, plumas, um vôo eu alço

Mais que sonhos, os pensamentos 
Fossem soltos e a matéria   
A viajar por vários planos 
Se desfizesse como coisa etérea

Josué Santos

Eu sou assim



Quem dera que a vida fosse só prazer
Fosse só querer
Porque sou assim
Mas não é assim

Deus quis
Que pudéssemos compreender
O que é a dor
Que pudéssemos entender
O que é o não-querer

Sou parede de tijolos móveis
Me refaço, me modelo
Toda vez que alguém
Encosta em mim
Toda vez que alguém
Descansa em mim

Deus quis
Que pudéssemos compreender
O que é a dor
O que é o não-querer 
Que pudéssemos compreender
De que é feita a dor
O que é o amor

Sou parede de tijolos móveis
Me refaço, me modelo
Toda vez que alguém
Descansa em mim 
Toda vez que alguém
Encosta em mim
Pra descansar 

Quem dera que a vida fosse assim
Fosse só prazer
Só querer
Mas Deus quis assim...

Que pudéssemos compreender
O que é a dor
De que é feito o amor
Mas eu sou assim

Deus quis
Eu sou assim
Deus quis assim 

Sou parede de tijolos móveis
Me refaço, me modelo
Toda vez que alguém
Descansa em mim
Encosta em mim
Tropeça em mim
Pra descansar

Deus...quis assim
Eu sou assim
Descanse em mim
Encoste em mim
Tropece em mim
Descanse em mim

Por Josué Santos