O que faço
Quando chego
A esse passo sem acaso
Vem qual surto, contagia
Pulso vivo, impregnado
Esse ser febril
Agitado e inflamado
Ruborizado como o ocaso
Que na sua aparente calma
Oculta incandescente astro
Vejo rostos quando passo
Esses vultos que passeiam
Distraídos pés e braços
Embebidos em seus laços
Não me vêem um entardecer
Com fulgor tão causticado
Aparência que lhes mostra
Qual frescor, resignado
Que equilíbrio se almeja
Cada ser compenetrado
Em sua busca incessante
Pelo estável desbotado?
Vejo rostos
Busco gostos
Descobrir-lhes alma nua
Quando na verdade busco
Atrelar minha'lma à sua
Lapso cortante
Efemeridade, fugaz
Essa dor tão lancinante
A carne aberta me trai
A fissura em minha alma
Por fissura ablação me traz
A lacuna em um ser
Por completo, mutilado
Não o é mais em essência
A matriz ora engendrado
Peça solta, consequência
De um mal anunciado
O desgaste que se via
Desdobrado num agravo
Passageiro mal, vislumbro
Penedo a aportar
Aerólito anônimo
Busca a terra rasgar
Identidade sufocante
É origem, é Norte, é Ar!
Buraco na minha alma!
Prisão eterna, sem fim
Por que causa, tanto insistes
Em querer fugir de mim
Se sou obra
Se sou coisa
Sou começo, meio e fim
Josué Santos
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