segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Otimistas ou pessimistas?



Vivemos em um mundo do início do século  XXI : crise financeira em 2008/2009, recrudescimento da violência em todos os níveis, superaquecimento do planeta, mudanças climáticas sem precedentes. Chega a ser lugar-comum falar sobre qualquer um desses temas.

Mas como é a cabeça de uma pessoa que vive em meio a este turbilhão de coisas, qual a sua perspectiva de futuro?
Vivemos uma era de relativismo sem precedentes: uma vez li que quando determinado tipo de crença impregna o meio científico, basta para que todas as áreas do saber humano sejam influenciadas. Toda a visão-de-mundo acaba por ser reordenada segundo o sistema de crenças da época em questão.

O relativismo nas ciências alcança o relativismo moral. Uma moral dita “universal” vem sendo substituída pela interpretação de acordo com determinada aparelhagem conceitual.
O engraçado em tudo isto é como o óbvio se torna invisível e o que é simples e útil torna-se fútil, enquanto que o fútil, o fugaz, torna-se imprescindível.

Há uma busca desenfreada pelo etéreo, passageiro. Uma fome insaciável pela novidade instantânea.
O discurso que diz que a única regra é “Não há regras”, revela o momento em que passa a sociedade humana. Já que criamos um sistema descartável; já que somos a sociedade do consumismo ao extremo e em grandes quantidades, se faz necessário que tudo seja frágil e conseqüentemente substituível pelo novo a todo o momento.

Isso explica também a fama instantânea, os quinze minutos de sucesso. Como também o culto do indivíduo, a falsa singularidade, onde me vejo único, quando na verdade quero ser igual aos meus pares, já que todos querem sempre a mesma coisa: ser diferentes.

Talvez exista um número sem-fim de visões da realidade em que estamos vivendo; e mesmo sabendo que nunca interpretaremos um determinado momento da história humana de forma completa enquanto agentes deste momento, de uma coisa já sabemos: vivemos um momento único.
Em toda a história da humanidade nunca se falou em uma “consciência global”, ou nunca antes temas como preservação/destruição do planeta foram debatidos em escala global. E pela primeira vez nós nos deparamos com uma situação única, que afeta a todos e diz respeito à nossa própria sobrevivência.

Um certo pensamento me incomoda, como uma farpa no meu dedo: Não posso negar que o nível de racionalidade da nossa espécie é atingido em cheio em nossa época; a busca de soluções para situações aonde a deusa-mãe da racionalidade moderna, a ciência, falhou, através de métodos que vão de encontro a essa forma cartesiana de pensar, corroboram meu incômodo.

Já temos precedentes históricos de até aonde pode ir a bestialidade do ser humano. Em nome de um objetivo maior já cometemos inúmeras atrocidades contra os que vão de encontro ao pensamento da maioria. Outrora em nome da fé, em nome de uma raça pura, em nome da paz. Penso no que poderá acontecer no futuro, quando um grupo mais forte tentar fazer valer seus interesses sobre uma maioria de miseráveis, desesperados, dominados ideologicamente; temo a utilização de ameaças de proporções globais e, em nome de uma tal proteção contra estas ameaças, o que não se perpetrará através das hordas ensandecidas, que já tiveram deteriorados os seus sensos crítico e de racionalidade, contra quem se puser no seu caminho, por não ter se deixado influenciar por discursos alienantes?

Pessimista, eu? Realista, talvez. O otimismo? Sim, o otimismo existe dentro de cada um de nós. Mas esse otimismo é negado na sua própria expressão se o enxergarmos na crença que existe de forma individual. Cada um, na sua forma de pensar e crer o mundo acredita, seja a partir da sua religião, ou de uma filosofia de vida, que o melhor pode vir.

Essa “policromia” de crenças no futuro nada mais é que fruto desta mesma época, que nos permite acreditar do nosso jeito; ou seja, cada um faz o seu mundo, então cada um crê também no seu próprio futuro, ou num futuro ao seu gosto.

Voltamos a andar em círculos. Se eu acredito que o futuro da humanidade está baseado em uma profecia maia, de cerca de 2000 anos a.C. que pode ser parecida com uma visão cíclica de mundo da cultura hindu; se eu interpreto o mundo a partir de um equilíbrio cósmico entre forças antagônicas e que o momento presente é o ápice desta luta cósmica. Se eu creio em um cataclismo mundial sem precedentes, o qual mudará toda a configuração do nosso planeta, enfim.

Todos buscamos a mesma coisa: aquela base sólida da “belle époque”, um mundo que tinha sentido, feito de objetivos alcançáveis, de um chão que poderia ser pisado. O mundo do século XX foi e ainda tem sido nesta nova era, um revolver do sistema criado pelo próprio homem moderno. Cabe saber se este revolver não seria agonizando, por estar próximo do seu suspiro final.

E o mais engraçado de tudo isto: pessimista, otimista, o que importa? Até aonde meu otimismo ou meu pessimismo influenciará no curso das coisas? No que eu acredito? Eis a minha resposta: “Porque ainda um poucochinho de tempo, {e} o que há de vir virá e não tardará.” Hebreus 10:37 ; paciência, sou um homem do meu tempo...
Por: Josué Santos

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